Em 1888 abandonou seus estudos para o sacerdócio e iniciou uma carreira como jornalista. Na Cidade do México, a partir de 1894, escreveu sua primeira obra, O bacharel, publicada em 1895 e o primeiro livro de poesias, Pérolas Negras, publicado em 1898, mesmo ano em que foi publicado Mística e em que foi co-fundador da Revista Moderna, que se converteu em um dos veículos mais influentes do Modernismo mexicano.
Místicas e Pérolas Negras inscrevem-se no gênero da poesia religiosa, mas trazem uma elaboração expressiva insólita e um refinamento pouco comum, como no poema La Sombra del Ala:
cuando argüimos los dos
no imaginas mi deseo,
mi sed, mi hambre de Dios;
De todas suertes, me escuda
mi sed de investigación.
Mi ansia de Dios, honda y muda;
y hay más amor en mi duda
que en tu tibia afirmación.
Apesar das dificuldades enfrentadas conviveu com os nomes mais representativos da Belle Époque, dentre os quais Wilde e Rubén Darío, com que nutriu estreita amizade, refletida em seus trabalhos posteriores. Dentre as obras publicadas na França, no livro Poemas, encontra-se La Hermana Agua, um dos textos que se tornou célebre em todo o mundo.
manso y diáfano, que gorjea toda la noche
y todas las noches cerca de mi alcoba; que canta a mi
soledad y en ella me acompaña; un hilo de agua:
¡qué cosa tan sencilla! Y, sin embargo, estas gotas
incesantes y sonoras me han enseñado más que los libros.
Con tu desaparición
es tal mi estupefacción,
mi pasmo, que a veces creo
que ha sido un escamoteo,
una burla, una ilusión;
que tal vez sueño despierto
que muy pronto te veré,
y que dirás: “¡No es cierto,
vida mía, no he muerto;
ya no llores…, bésame!”.
Ingressou na carreira diplomática em 1905 e por treze anos viveu em Madri. Seus escritos a partir de então eram enviados para o México, a Argentina e Cuba e publicados nas melhores revistas literárias do momento. Sua produção foi abundante e variada: contos, biografia, artigos humorísticos, resenhas teatrais, críticas, crônicas, etc., além de muitos versos, que marcaram o ponto de partida de sua carreira como poeta lírico.
Nesse período escreveu a maior parte de seus poemas, ensaios e contos, que foram compilados em vinte e nove volumes. Deste período se destacam Os jardins interiores (1905), Em voz baixa eu gemia (1909), Serenidade (1914), Elevação (1917) e Plenitude (1918). Serenidade e Plenitude refletem claramente a busca da paz interior, pela qual debateu-se por toda a vida, alcançada, em certa medida, através do estudo da filosofia budista.
Em virtude de mudanças políticas ocorridas no México, foi destituído de seus cargos oficiais e, em 1914, voltou a viver sérias dificuldades econômicas até que, em 1918, foi nomeado Ministro Plenipotenciário e Enviado Plenipotenciário do México na Argentina e no Uruguai, para onde mudou-se no início de 1919 e onde foi recebido com admiração e afeto.
O poeta, novelista, ensaísta, jornalista e diplomata escreveu breves autobiografias, nas quais constantemente repete que é um homem a quem nunca ocorreu coisa alguma, cuja vida foi pouco interessante, que não tem história, palavras que após reverteu em poesia.
Amado Nervo não mais regressou ao México em vida, falecendo em Montevidéu, aos 24 de maio de 1919. Descansa na Rotonda de Las Personas Ilustres, situada no interior de um dos maiores e mais antigos cemitérios da Cidade do México, o Panteón Civil de Dolores, embora seu epitáfio tenha sido escrito por ele próprio, entre os anos de 1914 e 1916, no livro Elevação:
Muy cerca de mi ocaso, yo te bendigo, Vida,
porque nunca me diste ni esperanza fallida
ni trabajos injustos, ni pena inmerecida.
Porque veo al final de mi rudo camino
que yo fuí el arquiteto de mi propio destino;
que si extraje las mieles o la hiel de las cosas
fué porque en ellas puse hiel o mieles sabrosas:
cuando planté rosales, coseché siempre rosas.
Cierto, a mis lozanías va a seguir el invierno;
¡mas tu no me dijiste que Mayo fuese eterno!
...Hallé sin duda largas las noches de mis penas;
mas no me prometiste tú solo noches buenas;
y en cambio tuve algunas santamente serenas...
Amé, fuí amado, el sol acarició mi faz.
¡Vida, nada me debes! ¡Vida, estamos em paz!