Desde o início demonstrou uma percepção única do universo popular em toda a sua grandeza, a opção por dar voz à intelectualidade, aos esquecidos, aos inconformados, aos homens e mulheres reais.
Ao lado de Glauber Rocha e Humberto Mauro conforma o trio áureo da filmografia do Brasil, sendo uma das figuras centrais do movimento do Cinema Novo, que combinou o estilo exuberante da Nouvelle Vague francesa com a cultura popular brasileira e o pensamento político pós-colonial.
Desde Vidas Secas, de 1963, até a “sátira antropológica” do canibalismo cultural de Como era gostoso o meu francês, de 1971, tem explorado uma ampla gama de perspectivas sobre o passado e o presente brasileiros, com um humanismo brilhante e notável.
Realizou mais de vinte filmes, entre longas e curtas-metragens e produções televisivas, nas quais a narrativa de um trabalho “etnográfico” esquadrinha o país para encontrar o seu povo e reaproximá-lo da própria cultura e da própria história, com seus conflitos, diferenças e representações.
Em seu trabalho, assinala Carlos Alberto Mattos, crítico e pesquisador de cinema, “encontramos todos os traços da formação brasileira: o branco europeu, o índio e o negro. Temos o Brasil das cidades, das favelas, do sertão, do litoral e do planalto central”.
Hoje, sessenta anos depois de Rio, 40 graus, no dia em que completa oitenta e sete anos de idade, Nelson Pereira dos Santos permanece como uma força criativa essencial, apaixonante, envolvida com as pessoas, com a música e com a política no seu mais alto e profundo sentido.
Nos links abaixo, quatro momentos memoráveis de sua obra: Rio, 40 graus, Vidas Secas, Jubiabá e Memórias do Cárcere.