Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para frente uma vez mais, elevo as minhas mãos a ti, na direção de quem eu fujo. A ti, das profundezas de meu coração tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, tua voz me pudesse chamar. Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
"Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos. Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo. Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo. Eu quero te conhecer, desconhecido. Tu, que me penetras a alma e qual turbilhão invades a minha vida. Tu, o incompreensível, mas meu semelhante quero Te conhecer, quero servir só a ti.
(Friedrich Nietzsche, traduzido por Leonardo Boff)
O texto em alemão pode ser encontrado em Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche,de Diogenes Taschenbuch, Zürich, 2000, ou em Friedrich Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994..