Posou para Manet em dezenas de quadros, alguns célebres, como A varanda, no qual é a mulher à esquerda, com um leque. A obstinação parecer ter sido mútua, a julgar pelas cartas que Berthe escreveu à irmã, onde diz: “Jamais esquecerei os dias de amizade e intimidade, quando posava para ele, e o encanto de seu espírito me mantinha desperta por longas horas...” Sempre se ouviram rumores de que havia uma relação sentimental entre eles, embora isso nunca tenha sido confirmado e Berthe casou-se com Eugène Manet, irmão do pintor.
Desenvolveu sua carreira artística sem renunciar ao papel de esposa e mãe. Independente e rebelde, foi uma ativa animadora cultural, mantendo estreitas relações de amizade com intelectuais como Mallarmé e Valéry, casado com uma sobrinha de Morisot e que dizia que ela “vivia sua pintura e pintava sua vida” e que sua pintura era como “o diário de uma mulher expressado através da cor e do desenho”, pois enquanto seus companheiros impressionistas pintavam nas ruas, bares e teatros, ela pintava cenas domésticas: mulheres em casa lendo, costurando, pensando ou passeando em parques, com exceção da obra Jovem em traje de baile, uma de suas obras principais.
Efetivamente, é um caso excepcional na história da arte do século XIX, por ser uma mulher pertencente à alta burguesia francesa que conseguiu desenvolver uma importante carreira profissional como artista, vinculada a um movimento novo, que então provocava reações contrárias e em um universo onde apenas homens eram admitidos.
Preocupou-se em especial pelo estudo da luminosidade e da cor e compartilhou o interesse dos demais impressionistas pelos reflexos da luz. Seu caráter independente e de certa forma rebelde transparece em sua obra, o que permite também analisar o papel da mulher na França do final do século XIXI, já que não apenas foi uma grande artista, mas também uma mulher burguesa, urbana e interessada na moda e na ativa vida cultura da época.
No ano de 2013, sob a direção de Caroline Champetier, foi lançado o filme Berthe Morisot, produzido para a televisão francesa e ambientado no ano de 1865, que elabora um retrato psicológico da pintora que, com sua tenacidade e força de vontade converteu-se, apesar da sua condição de mulher, em uma magnífica artista.