A definição da obra de Carlos Nejar é dada por ele próprio no prólogo do livro A Idade da Aurora. Essa definição se encaixa em toda a sua poesia quando, parafraseando Walt Whitman, afirma: “Isto não é um livro. Quem o toca, está tocando a aurora”.
Carlos Nejar, nome literário de Luiz Carlos Verzoni Nejar, nasceu em Porto Alegre, em 11 de janeiro de 1939.
Formado em Direito, viajou como promotor de justiça pelo interior do Rio Grande do Sul e conheceu, palmo a palmo, o pampa que "avulta na sua visão poética”.
Testemunha de seu tempo e de seu povo, Nejar - tal como Drummond (inconfundivelmente mineiro) e João Cabral de Melo Neto (inconfundivelmente nordestino) – “preocupa-se basicamente, com a poesia do homem pelo homem". (Giovanni Pontiero, Universidade de Manchester)
Defende uma nova épica na poesia contemporânea, sendo traduzido para várias línguas e estudado nas universidades do Brasil e exterior.
É destacado pelo crítico suíço Gustav Siebenmann, em seu livro Poesia y Poéticas del Siglo XX en la América Hispana y el Brasil (Ed. Gredos, Biblioteca Românica Hispânica, Madri, 1997), entre os 37 escritores-chave do século, escolhidos entre 300 autores memoráveis, no período compreendido entre 1890-1990.
Mereceu, em 1979, uma das definições mais contundentes sobre sua obra, elaborada pelo escritor e poeta português Antônio Osório, que assim a define:
Morei, morrido
em mim.
Mas não no que eu amei.
Meu coração por Alva,
tartamudeia,
escava.
O poderio
da água, do ar e fogo
- é o íntimo
país.
Viver: voar no todo.
(“João Serafim e Alva”, In A Idade da Aurora, Massao Ohno Editor, 1990, p. 200)