Um sótão
sem criar algum outro para si.
Carregamos um sótão
sobre nós,
como se pianos
carregássemos.
Ali nós descansamos,
talvez nos escondemos,
amamos, conciliamos,
resenhamos o mundo.
E o mundo nos resenha.
Carregamos sobrados
com surtos domingueiros,
patriarcais, soluçados.
E pasta o gado sobre nós,
florescem os pêssegos,
as caladas porteiras.
Pastam os dias
sobre nós.
Carlos Nejar