Porém, mais do que isso, foi também diretor de cinema, teatro e televisão desde os anos sessenta, poeta e fotógrafo, tendo realizado sua primeira exposição fotográfica em 1973.
Em setembro de 2000 recebeu o titulo de Doutor Honoris Causa em Letras Humanas da Universidade de Antioquia, por seu trabalho na Memória do Holocausto. Em 2001 doou um milhão de dólares para a restauração e ampliação do Griffith Observatory, situado em Los Angeles. Uma sala de conferências, a Event Horizon of Leonard Nimoy foi nomeada em homenagem a ele.
Atraído pela fotografia, aos treze anos descobriu uma Kodak Autographic e começou a fazer suas primeiras imagens, reveladas no banheiro de sua casa. Em meados dos anos setenta, no ápice de sua popularidade, estudou na Universidade da Califórnia com Robert Heinecken, profissional de vanguarda que trabalhava com sobreposições, fotos aleatórias e em preto e branco.
Quando o livro Shekhina foi publicado, em 2002, criou alvoroço, pois a representação da mulher sedutoramente glamorosa como essência da manifestação feminina de Deus incomodou algumas pessoas. O livro vendeu bem e, inclusive, inspirou um ballet com o mesmo nome.
O primeiro encontro de Nimoy com a mística de Shekhina ocorreu na sinagoga, aos oito anos: “Os homens estavam cantando, gritando e rezando em um serviço ortodoxo. Era muito apaixonado, muito teatral”, disse Nimoy. Seu pai fez-lhe sinal para não olhar. Estava perplexo. Anos mais tarde, um rabino explicou-lhe que a entrada de Shekhina no santuário para abençoar a congregação lançaria uma luz tão forte que poderia cegar. Esta poderosa memória o inspirou a explorar o aspecto feminino de Deus na forma humana, incluindo o tema da sensualidade e da sexualidade.
Para Nimoy, a sexualidade e a espiritualidade não estão separados: “Há sinais em todos os escritos e na história do judaísmo de que a sexualidade sempre foi uma parte importante do ensino e da cultura da prática religiosa”, disse.
Sobre o projeto, Nimoy afirmou que “se inspira em uma antiga teoria grega que dizia que em certo ponto da história do universo, o ser humano foi um ente de duas cabeças e um corpo mutante”. Através da fotografia de cidadãos em diversos trajes e disfarces, aplica uma metáfora na qual o criador postula que todo indivíduo busca um “outro eu”, mais interessante e incomum. Estas identificações secretas se refletem nas imagens de pessoas vestidas como o super-homem, uma estrela de rock ou Peter Pan, outorgando uma faceta lúdica e dinâmica à inovadora encenação.
Nimoy manteve em segredo sua paixão pela fotografia durante muito tempo. “Secret Selves é um exercício de busca dessa personalidade oculta ou que faz parte da fantasia das pessoas”, explica.
Esta “viagem através da personalidade oculta”, como ele definiu o projeto, iniciou graças ao estímulo de seu amigo Richard Michelson. Um convite da imprensa de Massachusetts bastou para que mais de uma centena de pessoas comparecessem à galeria. Surpreso pela acolhida, Nimoy entrevistou pessoalmente cada um dos participantes e, inevitavelmente, alguns deles perguntaram pela parte mais íntima de sua personalidade, ao que respondeu: “Passei sessenta anos fora de meu eu verdadeiro” - e, como ator, pode fantasiar-se como “o bom, o mau, o psicopata e, claro, o extraterrestre”.
Depois de haver trabalhado durante anos com mulheres esbeltas, em trabalhos como Classic Nudes e Black and White séries, desafiou padrões sociais e ideias preestabelecidos para mostrar mulheres livres e seguras, livres de pré-conceitos, em imagens interessantes, que transmitem tranquilidade e felicidade, desafiando o ideal hollywoodiano de perfeição física.
Sua obra fotográfica é testemunha disso: bastante extensa, vai desde naturezas mortas com ovos até estudos sobre mãos, autorretratos e projetos mais ambiciosos, com uma paixão que o acompanhou durante toda a vida, sobrepondo-se, finalmente, à vinculação a Mr. Spok.