Viveu com familiares durante a Segunda Guerra e mais tarde descobriu que seu pai biológico era, na verdade, um arquiteto judeu, Otto Kohn, sobrevivente do Holocausto.
Tendo sido educado por um tio, estudou música e arte dramática na Academia de Praga e direção na famosa FAMU, uma das melhores escolas de cinema do leste europeu.
Começou a trabalhar no teatro em Praga, tornando-se diretor em 1960 e, mais tarde, ingressou no cinema escrevendo roteiros e colaborando com alguns dos que seriam os seus companheiros de geração no chamado “novo cinema checo”. Nesta época conheceu o diretor de fotografia Miroslav Ondricek, com que colaborou ao longo de toda a sua trajetória profissional.
A abertura política produzida na Checoslováquia nos anos sessenta, a “primavera de Praga”, proporcionou o nascimento de um cinema crítico e próximo à vida cotidiana do indivíduo comum. Nesse contexto, os primeiros filmes de Forman supõem uma revolução: influenciado pelos escritores checos rebelados contra os dogmas estéticos imperantes nos anos cinquenta, apresenta retratos da classe trabalhadora afastados das fórmulas do realismo socialista. Sua visão do mundo é fortemente enraizada em uma postura humanista e realista, anti-ideológica, de representantes da literatura checa como Jaroslav Hasel ou Bohumil Hrabal, cuja obra, Ostře sledované vlaky (Trens estreitamente vigiados) foi levada ao cinema por Jiří Menzel e se converteu em um dos grandes filmes do cinema checo.
Obteve êxito mundial com Konkurs, de 1963, seu primeiro longa-metragem, que lhe valeu o prêmio da crítica checa. Atacado em princípio pelos setores estalinistas, a facção mais liberal do partido comunista então em ascensão se apropria de seu cinema como exemplo do novo tipo de “arte socialista”. A grande repercussão que obtém nos festivais internacionais o converte na estrela da nova onda checa.
Seu estilo se caracteriza pelo emprego de atores não profissionais, um hábil uso do som direto e o gosto pela improvisação, bem como um excelente emprego da música. Estas características estão especialmente presentes em Os amores de uma loira, de 1964, comédia romântica sobre uma jovem que passa uma noite com um músico de jazz e se apaixona por ele. Forman escreve o roteiro em colaboração com os diretores Ivan Passer e Jaroslav Papousek.
Em 1967 realizou Horí, ma panenko (O baile dos bombeiros), onde voltou a colaborar com Passer no roteiro. Trata-se de uma comédia realista que funciona também como uma alegoria política sobre a decisão do partido comunista de revelar os crimes cometidos nas purgas dos anos cinquenta, o então conhecido como “julgamento Slansky” ou “julgamento de Praga”. Pouco depois da invasão soviética de agosto de 1968 o filme foi proibido e Forman decidiu permanecer fora de seu país.
Após uma breve estadia na França, onde conheceu o ator e diretor Jean-Claude Carrière, que foi seu colaborador em numerosos filmes, instalou-se em Nova Iorque. Seu primeiro filme americano foi Taking Off (Procura Insaciável), de 1971, o mais pessoal dentre os que realizou fora da antiga Checoslováquia. Com fotografia de Ondricek, que o acompanha no exílio, utiliza atores desconhecidos e um roteiro original no qual colabora Carrière. É o único de seus filmes nos Estados Unidos que não é uma adaptação de alguma obra literária e narra a fuga de casa de uma adolescente e a mudança que esta produz na vida dos pais. Obtém o grande prêmio do júri no Festival de Cannes.
Em 1975 foi nomeado diretor do departamento de cinema da Universidade de Columbia. No mesmo ano, a adaptação da mítica novela de Ken Kesey, One Flew Over the Cuckoo's Nest (Um estranho no ninho) se converteu em seu maior êxito e em um de seus melhores filmes, protagonizado por Jack Nicholson. Michael Douglas se uniu ao produtor Saul Zaentz e produziu o filme para a United Artists. O roteiro, firmado por Lawrence Hauben e Bo Goldman suavizou a obra, sobretudo quanto ao uso de drogas. O filme se converteu em grande êxito de público e crítica e recebeu cinco Oscar da Academia.
Quatro anos depois dirigiu Hair, adaptação do musical escrito por Gerome Ragni, James Rado e Galt McDermont. A adaptação deste sucesso da Broadway chegou tarde e seu protesto contra a guerra do Vietnam não teve sentido. O filme se tornou antiquado antes mesmo de ser exibido e Forman não conseguiu adaptar-se ao gênero, apesar de contar com a extraordinária coreografia de Twyla Tharp.
Em 1981, com Ragtime, recuperou-se em parte do relativo fracasso anterior. A adaptação da obra de E. L. Doctorow tratou de um drama inter-racial em torno de um pianista negro na Nova Iorque dos anos trinta. O filme foi indicado a oito Oscar e foi a última aparição de James Cagney no cinema após um retiro de vinte anos.
Outro de seus grandes filmes foi Amadeus, de 1984, que lhe proporcionou o Oscar de melhor diretor. Voltou a colaborar com o produtor Saul Zaentz e regressou à Checoslováquia para filmar. Baseado na obra teatral de Peter Shaffer, responsável também pela direção, conta a história de Wolfgang Amadeus Mozart do ponto de vista de Antônio Salieri, seu conterrâneo e rival na corte de Viena no século XVIII. O filme é indicado a doze Oscar e obtém nove, incluindo o de melhor filme.
Depois de seu enorme êxito, colaborou com o produtor francês Claude Berri para rodar seu projeto seguinte, Valmont, de 1990, adaptação do clássico da novela erótica Les Liaisons Dangereuses, de Choderlos de Laclos. Quase ao mesmo tempo, Stephen Frears realizou outra adaptação da mesma obra e obteve um grande êxito, eclipsando em parte a versão de Forman, embora esta seja, em muitos aspectos, superior e mais fiel ao original.
Sua obra seguinte é The People vs. Larry Flynt (O povo contra Larry Flint), de 1996, biografia cinematográfica do editor da revista erótica Hustler, interpretado por Woody Harrelson, e a sua luta ao longo dos anos contra a censura.
Em 1999, Man of the Moon (Homem na lua), com roteiro de Scott Alexander e Larry Karaszewski, conquistou o Urso de Prata como melhor diretor, no Festival de Berlim, o Globo de Ouro pela atuação de Jim Carrey como melhor ator de comédia e uma indicação a melhor filme de comédia e o Critics’ Choice Awards: Top 10 como filme do ano.
Goya’s Ghosts (Sombras de Goya), de 2009, comparado a Amadeus ou Valmont, por tratar-se de outro drama de época, não alcança o mesmo encanto. A vaga musicalidade não cria um clima e o argumento principal não é envolvente. Filmado em cenários espanhóis, objetivando criar uma atmosfera de decadência e obscurantismo, a produção anglo-hispânica mostra, a partir do ponto de vista de Goya, o período de mudanças escatológicas ocorrido na Espanha no início do século XIX.
Entre 2009 e 2010 colaborou com Jean-Claude Carrière no roteiro de Ghost of Munich, baseado na novela homônima do escritor francês Georges-Marc Benamou e que estreou em 2012.
Os filmes são absorventes, mesmo que os personagens não sejam simpáticos, mesmo que não se deseje que triunfem a princípio, se tornam simpáticos no decorrer do filme. Forman aceita o desafio e se propõe a convencer o espectador a apoiar o personagem, ensinando que os homens não são bons nem maus, são seres condicionados por seu passado e por seu presente e isso, ainda que não justifique, explica seus comportamentos.
Atreve-se a contar a história desses homens desprezíveis e despertar a empatia do espectador para com eles, ensinando com imagens, com histórias, uma lição que se supõe que todos devem saber: o homem é ele mesmo e as circunstâncias em que vive e isso não apenas rende uma boa história, mas uma história que merece ser contada.