Etta James, nascida Jamesetta Hawkings, em 1938, levou até as últimas consequências o conselho recebido de seu primeiro professor de canto, James Earl Hines, quando, aos cinco anos, começou a cantar gospel na igreja batista: cantar com o estômago, mais do que com a garganta.
Dos anos sessenta e setenta até hoje, é uma das vozes mais emocionantes do blues, do soul e do jazz, uma mulher que derramou generosamente a sua paixão ao longo da carreira e da vida.
A carreira de Etta James passou pelos mesmos altos e baixos que sua vida pessoal. Filha de uma mãe solteira de 13 anos e de pai branco que não chegou a conhecer, aos doze anos, conforme conta em sua autobiografia, Rage to survive: The Etta James Story, de 1995, começou a beber e a fumar maconha, iniciando um caminho que a levaria ao longo da vida a cercar-se de companhias “pouco recomendáveis”, a fazer uso de heroína e a passar temporadas na prisão por brigas e posse de drogas. Quando superou esses vícios, passou a enfrentar uma luta dura contra a obesidade mórbida que chegou a afastá-la da carreira.
Apesar do pouco tempo que passou com a mãe e da relação tempestuosa entre elas, por toda a vida esta a fez ouvir, pensando em sua formação musical, músicas de Billie Holliday, de Ruth Brown e de Bessi Smith.
Aos 15 anos conheceu John Ottis, com quem gravou seu primeiro sucesso, Dance with me Henry. Para poder gravá-lo, mentiu a Ottis que já havia completado 18 anos, caso contrário precisaria do consentimento da mãe que, naquela ocasião, se encontrava na prisão.
Todas essas experiências foram os moldes que a converteram em uma artista à altura das vozes de Aretha Franklin ou de Billie Holliday, artista a quem dedicou um de seus melhores discos: Mystery Lady.
Também gravou com admiradores, como o produtor Jerry Wexler, responsável pelo potente Deep in the night.
Seu nome entrou para o Rock and Roll Hall of Fame em 1993 e para o Blues Hall of Fame em 2001. Publicou quase vinte discos de estúdio, sendo o último The Dreamer, em 2011.
Referência para artistas atuais e mito para os amantes do jazz, Etta James, que mesclou o rhythm and blues ao pop, soul, jazz e blues, demorou várias décadas para ser reconhecida pela indústria fonográfica como a voz privilegiada que foi mas, como demonstram músicas como At last, mereceu cada uma das honras recebidas e merecerá, sempre, a admiração de um público fiel e aficionado.
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