Sua pintura influenciou no desenvolvimento do movimento simbolista europeu. Foi um dos fundadores da Irmandade Pré-Rafaelita, junto a John Everett Millais e William Holman Hunt.
Suas primeiras grandes obras trazem os sinais da identidade realista do movimento pré-rafaelita em seu estágio inicial. É uma obra intrinsecamente mística e primitiva, aproximando-se do ecletismo dos “nazarenos” alemães.
Pintou mulheres ruivas, símbolos da sensualidade simbolista e decadentista, representando-as de forma obsessivamente estilizada.
Na literatura, foi um poeta intenso, corajoso e reflexivo.
Em 1863 abandonou a Irmandade Pré-Rafaelita, mas conservou o mesmo estilo em suas obras posteriores.
Faleceu em 9 de abril de 1882, no Condado de Kent.
Sua poesia estimulou muitos autores de seu tempo, principalmente pela sutil utilização do soneto e da balada, que se converteram nos formatos mais populares do século.
Possivelmente, o tema predominante em sua obra, seja na poesia ou na pintura, foi o desejo – não o desejo asséptico do período vitoriano e tampouco os ardores ingênuos do decadentismo, mas um desejo que quer existir, que se debate diante do homem que o alimenta e que se manifesta de uma forma tão intensa quanto contraditória.
Essa pulsão abrasadora foi expressa em suas pinturas com diversos nomes: Lilith, Monna Vanna, Fiammetta. Todas encarnam um princípio feminino, um ideal da mulher como núcleo da vida. Nesse contexto, converteu a mulher em mito e suas amantes em mitologia, retratando as mulheres que impactaram sua vida: Elizabeth Siddal, Fanny Cornforth, Jane Morris e Alexa Wilding, mitificadas como Beatrice, Guinevere, Isolde e Lilith.
Sua vida privada foi marcada pela morte da esposa, Elizabeth Siddal, por uma overdose de láudano, pouco depois de dar à luz uma criança morta. Influenciado por esse acontecimento, Rossetti enterrou a maior parte de seus poemas inéditos no túmulo da esposa, embora posteriormente os tenha desenterrado por insistência dos amigos e publicado. Porém, o erotismo e a sensualidade desses poemas ofenderam os leitores e a crítica da época, criando sérias controvérsias.
Rossetti inspirou-se na esposa para representar Beatriz, o amor platônico de Dante Alighieri. A pintura, feita um ano após a morte de Siddal, ilustra Vita Nuova, de Dante Alighieri, retratando uma Beatriz que ultrapassa o status de ser humano e, diante dos olhos do poeta, é uma criatura celestial e redentora dos pecados.
Em 1881 publicou um segundo volume de poemas, Baladas e Sonetos, no qual incluiu uma sequência dos sonetos de A Casa da Vida.
Até o final de sua vida, manteve-se em um estado mórbido, obscurecido pelo uso de hidrato de cloral e láudano, aliado à instabilidade emocional, que o levaram ao isolamento e à reclusão.
A Irmandade Pré-rafaelita
No limitado ambiente artístico vitoriano, em meados do século XIX, o realismo era a única opção válida de arte. Na poesia, Alfred Tennyson era o poeta laureado, com uma lírica de versos políticos sobre batalhas e fatos históricos, que convertiam a poesia em um gênero documental, mais do que uma arte.
Com o desenvolvimento industrial, uma classe média emergente, de escassos conhecimentos artísticos, necessitava de padrões que julgassem com facilidade qualquer criação literária, escultura ou pintura, classificando todas as obras da mesma forma como se classificavam insetos, minerais ou peças de uma máquina. O realismo era o sinônimo da ordem burguesa e o dever era criar algo de utilidade social e moral.
A Irmandade Pré-Rafaelita, fundada em Londres, em 1848, por Dante Gabriel Rossetti, William Holman Hunt e John Everett Millais, estudantes de arte da Royal Academy of Arts, intentou romper com as distorções vigentes quanto à influência de Rafael e Michelangelo nas artes e a eterna sucessão de obras maneiristas que saturavam o panorama da época.
Seu desafio era voltar à cor, ao detalhe e às composições anteriores ao Renascimento, ao espírito medieval e mítico do passado, com uma técnica realista que desafiava as convenções com uma atmosfera poética, capaz de atribuir uma aura mágica aos personagens. A beleza, independentemente da finalidade, era o mais importante.