O nome artístico Gabriela Mistral surgiu de duas de suas paixões: a natureza e a poesia. Costumava contar que nasceu da admiração por Frederico Mistral e pelo próprio vento, o mistral, que percorria os campos e movimentava as nuvens do sul da França.
Filha de um professor que abandonou a família quando ela contava com três anos e sobre quem confessou ter despertado sua paixão pela poesia ao encontrar alguns versos escritos por ele, a condição humilde de sua família não possibilitou que cursasse o magistério, mas seus conhecimentos foram validados e recebeu o título oficial de professora, passando a lecionar no nível secundário e, posteriormente, assumiu a direção do Liceo nº 6 de Santiago, apesar de ter sofrido forte oposição.
Desde 1904 lecionava e publicava artigos em diários locais. Em 1914 recebeu o primeiro prêmio literário, por Sonetos de la Muerte, passando a utilizar o pseudônimo Gabriela Mistral.
Em 1923, o governo do México convidou-a para compor uma equipe que realizaria uma reforma universitária no país. Viajou também pela Europa e pelos Estados Unidos como pesquisadora da área educacional. Em seu regresso ao Chile, devido à tensa e instável situação política, foi obrigada a deixar o país às pressas e, a partir de 1933, foi cônsul em diversos países da América Latina, da Europa e em Nova Iorque.
É a noite desamparo
das montanhas ao oceano.
Porém eu, a que te ama,
eu não sinto a solidão.
É todo o céu desamparo,
mergulha a lua nas ondas.
Porém eu, a que te embala,
eu não sinto a solidão.
É o mundo desamparo,
triste a carne em abandono
Porém eu, a que te embala,
eu não sinto a solidão.
Estes eram os temas urgentes em sua época, para o Chile e para a América Latina, e suas reflexões revelam uma das maiores intelectuais latino-americanas do século XX, uma mulher que reagiu com força e brilhantismo diante das injustiças que encontrava.
Durante a persecução sofrida por Pablo Neruda, entre 1946 e 1952 por sua oposição ao governo de Gabriel González, com o advento da chamada “Lei Maldita”, que proibiu o Partido Comunista, ao receber uma notificação que a proibia que receber seu amigo no consulado, comentou:
Faleceu aos sessenta e sete anos e, em seu testamento, determinou que todo o dinheiro arrecadado com a venda de suas obras na América Latina seria destinado às crianças mais pobres de Montegrande, e o dinheiro das vendas no resto do mundo reverteria em benefício das crianças pobres do resto do país.