Frequentou a Académie Julian de Paris e, de volta ao Brasil, passou a trabalhar na seção de Arquitetura e Topografia da Diretoria do Patrimônio Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, tornando-se amigo de Murilo Mendes, que foi o grande responsável pelo resgate de sua memória e de suas obras.
Em 1927 voltou à Europa, convivendo com Marc Chagall, André Breton, Marcel Noll e outros expoentes do surrealismo.
Faleceu em 1934, com trinta e três anos e foi enterrado no Rio de Janeiro, vestido com o hábito franciscano.
Seu trabalho também foi inscrito na 10ª Bienal e duas retrospectivas ocorreram no Rio de Janeiro, em 1966 e em 1984, no MAC-USP.
Sua obra pode ser dividida em três fases:
1) Entre 1922 e 1923, a fase expressionista.
2) De 1924 a 1927, a fase cubista, com notável influência da fase azul de Pablo Picasso.
3) De 1927 a 1934, a fase surrealista.
Seu lirismo é essencialista, neocatólico, buscando manifestar a harmonia entre o humano e o divino, entre o celestial e o terrestre, em uma nobre, aventurada e fecunda solidariedade, considerando os versos como experiências, muito mais do que contemplações e divagações.
É uma poesia que se afasta das rotas conhecidas, em um árduo trabalho de exploração de novos mundos e de comunicação de verdade e de beleza, com alto poder sugestivo.
Característico de sua poesia é o poema “A virgem inútil”, de 1932:
Não fui de ninguém, nem sou minha.
Nasci no dia 9 de julho de 1909
E não sei quando morrerei.
Fui criança que não brincou
E moça que não namorou.
Sou mulher que não tem desejos.
Serei velha sem passado,
Só gosto de estar deitada
Olhando não sei pra onde.
Passo horas sem pensar,
Passo dias sem comer,
Passo anos sem mexer
No quarto azul que me deram.
Nasci nele, vivo nele e nele talvez morrerei,
Se não aparecer aquele
Que sempre esperarei sem cansaço,
Que me fará levantar, andar e pensar
Que me ensinará o nome de meus pais e das partes do meu corpo.
Eu espero alguém que talvez não venha
Mas que sei que existe
Porque sei que existo.