Margot Fonteyn foi considerada a maior bailarina de todo os tempos, capaz de levar às lágrimas seus espectadores, sobretudo quando dançava com Rudolf Nureyev, momentos em que era a própria magia em movimento.
Estudou dança em Hong Kong e depois em Londres, com Serafina Astafieva e na Escola de Ballet do Sandler’s Wells, onde estreou aos quinze anos, no Vic-Wells Ballet.
Aos dezesseis anos tornou-se bailarina principal da companhia e, em 1939 já havia interpretado muitos dos papéis principais dos ballets clássicos: Aurora, em A bela adormecida; Giselle, em Giselle e Odette - Odile em O lago dos cisnes.
O coreografo inglês Frederic Ashton criou vários ballets especialmente para ela, considerando-a uma de suas musas e essa relação durou vinte e cinco anos.
Sua carreira continuou em ascensão e, no final de 1950, já havia interpretado quase todos os principais papéis dos ballets clássicos, inspirada pela bailarina e coreógrafa Ninette de Valois, a quem Margot Fontein considerava uma mulher imprevisível e maravilhosa em sua dança e uma bailarina excepcional, que despertava seu amor pela dança.
Em 1956 casou-se com o diplomata panamenho Roberto Arias e sua vida se dividiu entre a dança e o papel que deveria desempenhar como esposa de um embaixador.
Essa aliança, que parecia fadada e não perdurar, pois Fonteyn já contava com quarenta e três anos e estava a ponto de aposentar-se, persistiu ao longo de quase quinze anos.
A virtuosidade apaixonada de Nureyev demonstrou ser ele o complemento perfeito para a maturidade e a elegância de Fonteyn. A poderosa atração que ambos exerciam sobre o público internacional foi determinante para que, durante todas as apresentações do Royal Ballet no exterior, eles jamais deixassem de dançar.
Conta-se que gerações inteiras de bailarinas do Royal Ballet decaíam entre os bastidores e que muitos bailarinos se entregavam à bebida pela certeza de que sua oportunidade nunca chegaria. Verdade ou lenda, a realidade indica que havia poucas esperanças para quaisquer outros bailarinos de chegarem a protagonizar alguma peça.
No vídeo abaixo, uma amostra da majestosa união de Fonteyn e Nureyev, em O lago dos cisnes:
Fonteyn interpretou de forma personalíssima a Aurora da Bela Adormecida de Tchaikovsky e destacou-se definitivamente nos ballets Horoscope, Variações sinfônicas, Dafnis e Cloe e Ondine, de Frederick Ashton. Sua linha elegante e seu estilo refinado, que faziam dela o símbolo por excelência da bailarina clássica, levaram inúmeros outros coreógrafos a realizarem ballets especialmente para ela.
Assim, estreou Hamlet (1942), de seu inseparável partenaire Robert Helpmann, Les Demoiselles de la Nuit (1948), de Roland Petit com o Ballet de Paris, Poème de l’extase (1970), de John Cranko com o Ballet de Stuttgart e The Scarlet Pastorale (1975) de Peter Darrel. Seus partenaires incluiram Robert Helpmann, Michael Somes e David Blair, antes de surpreender o mundo com um inesperado reflorescimento junto ao jovem Rudolf Nureyev, na década de sessenta.
Tal era o seu amor pela dança que nunca se afastou oficialmente, embora fosse considerada sua despedida a apresentação que fez em maio de 1979, quando completou sessenta anos, junto ao Royal Ballet, no Convent Garden de Londres.
Trabalhou em alguns programas de televisão sobre dança no mundo e escreveu suas memórias, intituladas Margot Fonteyn: autobiografia, publicadas em 1975.
Em 1979 o Royal Ballet concedeu a Margot Fonteyn o título especial de prima ballerina assoluta. Dançou pela última vez em público em fevereiro de 1986, em Miami, a convite da companhia Sadles Wells Royal Ballet, em turnê pelas Américas.
Acometida por uma doença terminal e fragilizada pela morte do marido, Margot Fonteyn faleceu em 21 de fevereiro de 1991. Em seu retiro no Panamá, viveu seus últimos dias na propriedade La Quinta Pata, que nomeou seu “paraíso pessoal”.