No dia 13 de janeiro 1893, em Smilavichy, Bielorrússia, hoje Lituânia, nascia Chaïm Soutine, pintor expressionista que pertence à Primeira Escola de Paris, contemporâneo de Chagall e amigo de Modigliani.
Passando a morar em Paris, viveu extremas dificuldades financeiras nos primeiros anos, como já acontecera durante a infância, o que afetou sua saúde física e psicológica, vivendo de trabalhos esporádicos e dedicando-se a pintar retratos de pessoas comuns e de refugiados políticos.
Seu estilo desenvolveu-se a partir de mestres como El Greco, em quem encontrou um protótipo para a distorção da forma e que considerou um grande mestre. Essa distorção pode ser encontrada em vários de seus retratos, mas, diferentemente de El Greco, Soutine incorpora elementos grotescos, quase cômicos. Foi aluno de Cormon, que fora estre de Van Gogh e de Tolouse-Lautrec.
Outros pintores que influenciaram sua obra foram Rembrandt, Cezanne (rompendo a forma em planos e nivelando a figura), Bonnard (que lhe ensinou a dar consistência ao quadro, a dar pinceladas fortes, com peso e propósito). Dentre os expressionistas, aproxima-se mais a Nolde, Ensor e Kokoschka.
A pintura de Rembrandt é, para Soutine, um dos maiores atrativos que encontra em Paris, a tal ponto que em suas primeiras obras reproduz tabernas. Até a década de vinte, alguns de seus quadros são uma clara referência a ele.
Viajando ao sul da França, descobre as maravilhas da paisagem, que se converte em fonte de inspiração para quadros com alto grau de lirismo e matiz exacerbado. Apesar de todas as vanguardas que se geram na época, desenvolve um estilo individual e pessoal.
O realismo é outro dos aspectos marcante de sua produção. Até a sua morte, seu objetivo é uma constante busca interior e seu legado foi referência essencial para os expressionistas da Áustria e para os expressionistas romanos.
Na década de trinta, as características de seus quadros se modificam. Sua obra passa a ser marcada pela tristeza e a atração pelos quadros de Coubert. Seus modelos estão no solo e suas paisagens são mais tranquilas, ao mesmo tempo em que aumenta a distância entre o pintor e o tema.
É um personagem peculiar da pintura expressionista, considerando-se que sua infância foi de pobreza extrema, a tal ponto que muitos de seus quadros retratam alimentos. Essa característica prejudicou-o psicologicamente, o que claramente pode ser visto em algumas de suas obras.
Seu desenvolvimento artístico se dá em uma época em que desperta um expressionismo radical e uma turbulência emocional extrema, o que justifica seu traço e a opção por figuras grotescas e distorcidas, que beiram o desprezo e têm a clara intenção de mostrar aspectos psicológicos.
Suas obras saíram do anonimato graças a um colecionador americano e as poucas criações que restam se reduzem a temas de natureza morta, paisagens e retratos de pessoas que pertenciam a níveis sociais inferiores.