Seu talento foi revelado no Rio de Janeiro e, mais tarde, em Portugal e em Paris. Idealista de esquerda, foi perseguido pela ditadura militar, que destruiu várias de suas obras e exilou-se em Paris, aconselhado pelo amigo Di Cavalcanti. Em Paris, cidade que sempre amou, também teve problemas durante a Segunda Guerra Mundial, pois quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha e a Itália, foi detido em um hotel, confundido com um espião.
Ficou conhecido profissionalmente no Brasil aos vinte e quatro anos, quando elaborou, entre 1926 e 1929, o painel Eu vi o mundo... ele começava no Recife, considerado “o Guernica brasileiro”.
Suas fases artísticas começaram pelas formas do primitivismo; nos anos quarenta introduziu a abstração geométrica no Brasil e, mais tarde, uma profusão de cores e formas em suas telas, criando imagens líricas para, em seguida, dedicar-se à geometria, que o acompanhou por toda a vida.
O verde do Recife, dos canaviais e do mar foram obsessões para ele. Mesmo em sua arte mais abstrata deixa transparecer a memória do verde de sua terra. Mesmo quando, aos quinze anos, mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, que abandonou, a atmosfera do Recife se perpetuou em sua obra.
Envolvido pelo surrealismo, sua primeira exposição na França foi um êxito. Suas cores fortes e a liberdade de suas formas o confirmaram como “um selvagem esplendidamente civilizado”.
Com o fim da guerra retornou a Paris, realizando viagens frequentes ao Brasil. A última de suas viagens foi no ano de 2002, para o lançamento do livro Cícero Dias, uma vida para a pintura, do jornalista Mário Hélio. Contava então com noventa anos e uma disciplina ferrenha no trabalho: trabalhava até as três horas da madrugada, sempre pintando ou lendo.
Faleceu em Paris e foi sepultado em Montparnasse, em 28 de janeiro de 2003.