Com uma discografia de trinta e seis álbuns e inúmeros concertos, levou o flamenco a todo o mundo. Gênio da guitarra, apesar de não ler partituras, em 25 de fevereiro de 2014, quando se despediu, deixou não apenas um imenso vazio e um caminho aberto, que poderá ser seguido para continuar sua obra, mas também uma genialidade que dificilmente poderá ser superada.
Talento e habilidade incontestável para tocar guitarra, horas de prática, dias inteiros tocando, a disciplina ensinada pelo pai desde os sete anos de idade e as agradáveis lembranças da infância em uma família muito pobre, mas corajosa, alegre e musical justificam sua trajetória e seu brilhantismo.
É desnecessário reafirmar que Paco de Lucía é um gênio e bastante difícil ir além disso na descrição de seu trabalho. O que se deve ressaltar, nesse sentido, é a fusão de sua arte com a alma do flamenco, com os versos que imediatamente se comunicam com o espírito que os ouve, dispensando o academicismo – uma cultura inteiramente oral, que abstrai registros escritos, que nasceu da alma gitana do povo andaluz e assim se perpetuou.
Em pouco tempo tornou-se conhecido e admirado e não apenas revelou o flamenco ao mundo como também o transformou, trazendo instrumentos inusitados, que foram desde o cajón peruano até o baixo elétrico, incursionando pelo jazz, lançando desafios que levaram a música a outra dimensão.
Sem a guitarra, Paco de Lucía confessava ser apenas Francisco Sánchez Gómez, não se mostrava consciente da repercussão que tinha seu trabalho, era um homem de poucas palavras.
Quando tocava, tinha liberdade absoluta, era uma imensa figura cujo lugar dificilmente poderá ser ocupado... talvez, com o tempo, outros sigam o seu caminho, mas é praticamente impossível que outro guitarrista do flamenco tenha o condão de ultrapassá-lo nos caminhos que imprimiu a uma música que não é para os ouvidos, mas sim para a alma.
No vídeo abaixo, o documentário Francisco Sánchez – Paco de Lucía, produzido por Pablo Uzón, no ano de 2002:
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