Da lama ao caos realizou experimentos com a música eletrônica, a fusão da realidade com a ficção, a ciência dos fractais com a tecnologia, a teoria do caos, a expressão do caos determinista transposto para a revelação do caos humano em um contexto de forte carga social e emocional.
Afrociberdélia define uma expressão que reúne em si as raízes culturais e genéticas africanas, a cibernética como extensão física do homem e a psicodélia como harmonia entre corpo e mente, liberdade e criação. A ideia foi produzir um rock pernambucano, mas foi muito além disso...
Com a mesma rapidez com que a carreira de Chico Science cumpriu o fado de consolidar o Manguebeat e levar o Manifesto ao seu mais amplo cumprimento, faleceu em 1997, em um acidente automobilístico.
A música de Chico Science é um retrato da sociedade pernambucana, redimensionada em temas como a justiça social, a ética e a democracia, clamor de todos os povos e, por isso, universal.
A mescla de instrumentos como guitarras, atabaques e tambores e de ritmos como o rock, o rap, o frevo, o maracatu, o samba-reggae, o rap, a embolada, a crítica pesada às condições de marginalidade, à miséria, à dependência química de crianças e de jovens, ao abandono, tocou profundamente, desde o princípio, os que ouviram suas composições.
Talvez o maior mérito de Chico Science (se for possível estabelecer um marco para seu trabalho), foi a crítica social. Sua genialidade ao elaborar uma arte nova marcou definitivamente o cenário musical brasileiro por uma expressividade até então desconhecida, comunicou um Brasil esquecido ao mundo, revelou ao país os esquecidos pela sociedade brasileira e mostrou o Recife a si mesmo, semeando uma nova visão da música e da realidade dentro e fora do país.
NETO, Moisés. Chico Science: a rapsódia afrociberdélica. Recife: Comunicarte, 2000.
VARGAS, Herom. Hibridismos Musicais de Chico Science & Nação Zumbi. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008.