O fim da era vitoriana e o início do novo século são particularmente fecundos nesse sentido, revelando nomes como Oscar Wilde, George Bernard Shaw, James Joyce e William Butler Yeats, como menciona Richard Ellmann, na obra Four Dubliners. Criam-se, através deles, parâmetros que se constituem nas bases de uma ordem estética renovadora.
Falar em Yeats é referir-se a alguém que maneja um código de linguagem singular, no qual convergem a fusão entre a mitologia, que vem desde o início da Idade Média e os postulados modernos, fortalecendo-se em uma voz lírica e reflexiva, mas também profundamente emotiva.
Vista de maneira simplista, sua obra não estaria destinada a ser a alma da poesia irlandesa moderna, mas sua permanente inquietude por encontrar as raízes de seu povo vai se fortalecendo através de um trabalho criativo que se abre, constantemente, para traduzir a alma livre da Irlanda.
Em Londres descobriu o hinduísmo, a teosofia e o ocultismo e escreveu poemas líricos e simbólicos sobre temas pagãos irlandeses, com A peregrinagem de Oisin, de 1889 e A ilha do lago de Innisfree, de 1893, em um tom romântico e melancólico que ele acreditava ser característico dos celtas. Também escreveu O crepúsculo celta em 1893 e A rosa secreta em 1897, ambos baseados em lendas irlandesas.
Com vivo interesse em reviver o ambiente cultural de seu país, regressou a Dublin para fundar o Teatro Nacional Irlandês, do qual foi diretor até falecer.
Passava longas temporadas no condado de Sligo, o que lhe inspirou um enorme interesse pelas tradições irlandesas. Sua fascinação pelo misticismo e o esoterismo predominaram sobre a poesia, produzindo obras de caráter dramático, dentre as quais se destacam A condessa Cathleen, e 1892, A terra do desejo, de 1894 e O umbral do rei, de 1904.
Além de peças de teatro, também publicou, em 1899, O vento entre os juncos, As águas sombrias, em 1900 e O elmo verde, em 1910, obras nas quais manifesta o progressivo abandono do misticismo, que vai sendo substituído por um estilo mais claro e comprometido politicamente.
Sua obra teatral é vasta, protagonizada pelo herói celta Cuchulain, e foi publicada em 1921 em Quatro obras para baile. Nela se evidencia a influência do teatro japonês tradicional, que havia começado a ser introduzido no ocidente em 1913 pelo poeta Ezra Pound.
Estas obras eram mais apropriadas para serem representadas em pequenas reuniões aristocráticas do que em grandes teatros, para um público de classe média. Extraiu do teatro alguns elementos característicos, como o uso de máscaras, os rituais, os coros e a dança, injetando novamente a poesia nos cenários, uma poesia que havia permanecido afastada de suas obras anteriores e acrescentando um realismo preciso, com visões místicas, para criar dramas poéticos plenos de mistério e de imagens oníricas.
Na velhice aperfeiçoou seu estilo e suas últimas obras são consideradas as melhores. Uma visão, de 1925, é um elaborado trabalho em prosa no qual Yeats busca explicar a mitologia, o simbolismo e a filosofia que havia utilizado ao longo de sua produção literária, no que se refere à luta entre os eternos opostos situada na base de seu pensamento - objetividade e subjetividade, arte e vida, corpo e alma.
Outras obras poéticas nessa mesma linha são Os cisnes selvagens de Coole, de 1917, A torre, de 1928 e A escada de caracol, de 1933.
Sem deixar de revisar continuamente a sua produção, revelou alguns episódios de sua vida em Autobiografias, de 1927 e Dramatis personae, de 1936. Suas duas últimas compilações são Lua cheia em março (1935) e Últimos poemas e duas obras de teatro (1936).
Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1923 e faleceu na França, em 28 de janeiro de 1939, sendo sepultado na Irlanda, no condado de Sligo.