Foi excepcional como compositor, desde os anos do Saracura, no final da década de setenta e essencial para a cultura da década de oitenta.
Do início de sua carreira, passando pelo lançamento de Tangos e Tragédias, em 1984, que foi ininterruptamente exibido por trinta anos em temporadas anuais pelo Teatro São Pedro e em vários lugares do Brasil e do mundo, até o momento em que a leucemia o levou de volta à Sbórnia, Nico Nicolaiewsky representou o melhor do talento gaúcho.
Mas Nico foi ainda mais do que isso...
No Rio de Janeiro, onde viveu por dez anos, estudou com o maestro Hans-Joachim Köellreuter. De volta ao Rio Grande do Sul, lançou três discos - "Nico Nicolaiewsky" (1996), "As Sete Caras da Verdade" (2002) e "Onde Está o Amor?" (2007).
O disco “Nico Nicolaiewsky” foi trilha sonora do filme Amores, de Domingos de Oliveira; “As sete caras da verdade” é uma extraordinária ópera cômica e “Onde está o amor” possui um acento mais pop.
Também realizou incursões pelo cinema e pela ópera, em uma trajetória curta, mas rica, marcada por um talento incontestável, dinâmico, vivo, continuamente renovado e recriado.
Os curtas-metragens Branco, de Liliana Sulzbach e Angela Pires (2001) e A invenção da infância, de Liliana Sulzbach, do mesmo ano, e o longa-metragem Até que a Sbórnia nos separe, animação de Otto Guerra (2013) tiveram suas trilhas sonoras assinadas por Nico.
Tangos e Tragédias, em 2003, foi escolhido pelo público como o melhor espetáculo durante o Festival Internacional de Teatro de Almada, em Portugal, onde voltou a ser apresentado no ano seguinte como Espetáculo de Honra.
Sobre as composições de Nico Nicolaiewsky pode-se dizer que são delicadas, sensíveis, poéticas, com palavras que revelam imagens de uma beleza simples, alcançando sentimentos que não têm como passar despercebidos...
Mas, como tudo na vida um dia retorna à Sbórnia, em uma sexta-feira, dia 7 de fevereiro de 2014, às 5h30min, aos cinquenta e seis anos de idade, o Maestro Pletskaya partiu.
Talvez haja, ainda hoje, uma grande festa por lá, pelo seu regresso... ou, talvez, tenha sido apenas a realidade que veio “como onda, bomba”, crua e sem semente, para nos arrancar um pedaço da nossa história...
O fato é que a cada ano, nesta data, lembraremos do vazio que Nico deixou.
Impossível será que surja alguém como ele, porque a trilha sonora da vida de muitos de nós não seria a mesma coisa sem a sua música... e nunca mais será.