Sabe, si alguna vez tus labios rojos
quema invisible atmósfera abrasada,
que el alma que hablar puede con los ojos,
también puede besar con la mirada.
Descendente de uma nobre e prestigiada família de comerciantes de origem flamenca, seus ascendentes foram pintores de costumes andaluzes e tanto ele como o irmão, Valeriano, foram bons desenhistas.
Aos cinco anos de idade Gustavo Adolfo ficou órfão de pai e, aos dez anos, um ano após ingressar no Colégio de Náutica de San Telmo, a mãe faleceu. Os irmãos foram adotados por uma tia e Gustavo Adolfo foi viver com a madrinha, começando a interessar-se pela literatura.
Deixando o Colégio de Náutica, iniciou os estudos de pintura e de latim e nesse período escreveu El trono y la nobleza de Madrid e artigos para as revistas La Aurora e El Porvenir de Sevilla antes de mudar-se para Madri, com a ilusão de viver da literatura.
Decepcionado, passou a viver como boêmio e para sobreviver escreveu, com a colaboração de amigos, comédias e operetas, como La novia y el pantalón, com o pseudônimo de Gustavo García, satirizando o ambiente burguês e antiartístico que o rodeava. Também escreveu La venta encantada, baseado em Don Quixote e o livro Historia de los templos de España. Nesse período interessavam-lhe as leituras de Byron (Hebrew Melodies) e Heine (Intermezzo).
Aos vinte e um anos foi diagnosticado com a tuberculose que o acompanharia até a morte. No mesmo ano conseguiu um modesto emprego público, mas não conseguiu mantê-lo. Cada vez mais pessimista, incentivado pelos amigos iniciou um importante projeto, inspirado no livro de Chateabriand, O gênio do cristianismo: estudar a arte cristã espanhola, unindo o pensamento religioso, a arquitetura e a história.
O propósito foi descrito por Gustavo Adolfo: “A tradição religiosa é o eixo de diamante sobre o qual gira o nosso passado. Estudar o templo, manifestação visível da primeira, para fazer em um único livro a síntese do segundo: eis o nosso propósito”. Contudo, apenas o primeiro volume foi publicado, com ilustrações do irmão, Valeriano.
No ano seguinte, apaixonado pela cantora de ópera Julia Espín, começou a escrever suas primeiras Rimas, mas a relação não se consolidou porque o poeta levava uma vida boêmia e ainda não havia alcançado a fama.
Dois anos após publicou Cartas Literarias a una mujer, onde explicava a essência de suas Rimas e conheceu Casta Esteban Navarro, com quem se casou, passando a trabalhar como redator no El contemporâneo, onde escreveu crônicas sociais e notas sobre política e literatura.
Com o nascimento do primeiro filho começou a escrever de maneira forçada, criando algumas de suas Leyendas, até que novamente adoeceu. Em virtude das necessidades prementes da família e da convalescênça, mudou-se para Sevilha, onde trabalhou com o irmão Valeriano, período no qual seu casamento começou a desagregar-se.
Através do amigo e mecenas González Bravo, conseguiu o posto de revisor e voltou a Madri, onde nasceu seu segundo filho. Abalado pela infidelidade da esposa, pelo desaparecimento de seu livro de poesias e pelos distúrbios revolucionários da época, mudou-se novamente, desta vez para Toledo, onde nasceu o terceiro filho e seu casamento se desfez, pela suspeita de que fosse filho do amante da esposa. Apesar da separação, diversas cartas foram trocadas entre Gustavo Adolfo e a esposa.
De volta a Madri com a intenção de dirigir La ilustración de Madrid, na qual Valeriano trabalharia como desenhista, seus planos novamente foram frustrados pela morte do irmão. Profundamente abalado, Gustavo Adolfo faleceu três meses depois.
Em seu leito de morte, pediu aos amigos que cuidassem de seus filhos, que queimassem as suas cartas (as quais considerava que seriam sua desonra) e que publicassem seus versos, pois estava certo que após a morte estes finalmente lhe trariam a glória.
Após suas últimas palavras, “Todo mortal”, faleceu em 22 de dezembro de 1870, aos trinta e quatro anos, no exato momento em que um eclipse do sol escureceu totalmente a cidade de Sevilha.
No ano seguinte foram publicadas suas obras completas, em dois volumes, graças à ajuda dos amigos.
Desde 1913 os restos dos irmãos Gustavo Adolfo e Valeriano repousam em Sevilha.